Controle de Dinâmica para Iniciantes

Controle de Dinâmica para Iniciantes
v1.03
por Tarekith

Tem um tempo que eu tive a idéia de escrever um tutorial sobre compressão, e é algo que muitas pessoas me pedem constantemente. De um certa forma eu resisti até agora porque é como se um vegetariano te dissesse como fazer um churrasco, não é algo que eu use muito. Ou um pintor tentando ensinar um estudante a usar a cor vermelha: existem diversas formas artísticas de lidar com a compressão, e nenhuma delas é particularmente “correta”. Porém, mais e mais eu vejo pessoas perguntando coisas como “porque o meu som ainda não está bom, já que eu usei compressão em todos os canais?” Ou, “qual é o melhor preset para obter sons amplos de bateria para uma música a ser tocada num clube?” É óbvio que existe uma compreensão errada do que seja a compressão, e muito uso incorreto dela, então talvez seja hora de tentarmos resolver o assunto e desmistificarmos o tema para aqueles que ainda não o entendem muito bem.

Como eu disse antes, existem muitas formas de usar a compressão, mas eu vou focar no propósito mais comum dela, ajudar a controlar a variação de dinâmica da sua música, ou mais especificamente, de uma parte da sua música. Como em todos os meus guias, acho que é importante que as pessoas percebam que eu não estou ditando regras: existem diversas formas de usar o compressor. Existem muitos uso que a princípio podem ser incorretos, mas atingiram grandes resultados. Pense nas linhas de baixo do Benny Benassi, ou que o Ministry frequentemente usa racks de compressão para distorcer suas guitarras ao invés de unidades de distorção convencionais. O que eu estou dizendo não deve ser tomado como absoluto, e tem muito mais sobre compressão do que aquilo que vou dizer nesse guia. É uma daquelas coisas que é frequentemente muito sutil de ser percebido quando feita corretamente, e requer muita prática para ser dominada. Nesse guia, eu vou principalmente mostrar como eu aprendi a usar compressão, e com certeza existem muitas outras formas de aprender. Dito isso, vamos em frente!

Para este guia eu vou usar o plugin de compressão do Ableton Live, mas vou me ater aos itens comuns a todos os compressores.

Esse controles são o Threshold, Ratio, Knee, Attack, Release, and Gain. Vamos ver um a um deles para ter uma idéia básica do que eles fazem.

Threshold – Esse é O controle mais importante em um compressor, ele determina quanto do seu sinal de áudio é processado pelo compressor. Pense no seu sinal de áudio como um gráfico vertica, com as partes com volume mais baixo em baixo e as partes mais altas em cima. Isso é para facilitar o entendimento da imagem acima. Com o threshold em 0dB, o compressor não está modificando o seu áudio, ele passa intocado pelo compressor e pelo seu controle de dinâmica. Conforme você lentamente baixa o nível do threshold, você começa a comprimir mais e mais do seu áudio, começando com as partes mais altas.

Tipicamente, essas partes são chamadas de transientes, eles são o som forte inicial no início de qualquer sinal de aúdio. normalmente são muito curtos, estamos falando em algo em torno de dezenas de milisegundos, se não menos. Pense no som de uma caixa, é a parte mais alta quando a baqueta a percurte, e some rapidamente.

Snare

O ponto é que esses transientes, embora sejam muito curtos, podem estar ocupando a maior parte da dinâmica por estarem muito altos em relação ao resto do sinal de áudio. Baixando o threshold, você NORMALMENTE começa a comprimir os transientes primeiro. isso é importante, porque você pode pensar na compressão de duas formas. Primeiro, como uma ferramenta para nos ajudar a controlar os transientes, como uma forma de reduzir esses milisegundos de explosão nos permitindo aumentar o resto do sinal sem clipar. Segundo, permitindo os transientes passarem inalterados pelo compressor, mas usando o compressor para aumentar o nível do resto do sinal. (Eu vou explicar como isso é possível em breve). De toda forma, o resultado pretendido é o mesmo: podemos aumentar o nível do sinal sem clipar. Tudo isso depente totalmente da configuração do threshold, já que todo o resto das configurações de um compressor depende do threshold.

Ratio – Ratio é a forma de dizer quanto do seu sinal será afetado quando ele passar o nível de threshold. É o quanto você está comprimindo o sinal acima do nível de threshold. Por exemplo, com um  ratio de 1:1, nada irá acontecer com o sinal quando ele ultrapassa o threshold, ele irá passar sem compressão. Seu sinal é exatamente o mesmo antes e depois do compressor. Porém, com um ratio de 2:1 qualquer sinal que passe o nível de threshold terá o seu volume reduzido pela metade. Com 3:1, o volume do áudio será reduzido em 1/3. A premissa básica é que conforme mais alto é o ratio, mais você comprime o sinal acima do nível de threshold.

Você pode ver o ratio representado graficamente no compressor do Live pelo linha fina marrom diagonal.

No ratio de 1:1, é uma linha reta. Em 2:1, você pode ver o threshold representado por um ângulo na linha, e acima desse ângulo a linha é agora metade do valor anterior. No ratio de10:1, a linha é dobrada ainda mais. O importante é compreender que o ratio apenas controla quanto você está comprimindo o sinal. Por alto, eu diria que os valores de 2:1 a 10:1 são suficientes para a maioria dos usos. Mais do que isso e nós começamos a entrar em limitação, sobre a qual eu falarei mais depois.

Knee – Esse controle é diretamente relacionado com o ratio, e determina o quão imediato a compressão inicia no áudio que passa o threshold. Por exemplo, em um ratio de 4:1 e um knee de 0dB, assim que o áudio passa o threshold, você está comprimindo com um ratio de 4:1. ‘É imeditado, e frequentemente referido como compressão hard-knee, que você pode ver abaixo como um ângulo bem inclinado no gráfico. Porém, se nós elevarmos o parâmetro knee para 4.5dB, você pode ver que o ângulo inclinado se transforma numa curva. O que nós fizemos foi tornar mais lento a compressão do nosso áudio. Quando o áudio passa o threshold nós não entramos imediatamente no ratio 4:1, mas algo menor como 1.5:1 (só um chute), então 2:1 um alguns dB acima do threshold, e finalmente atingimos nosso ratio de 4:1 em 4.5dB acima do threshold. Isso é o que chamamos de compressão soft-kne, é um pouco mais transparente que a a compressão hard-knee, não tão facilmente detectável. Alguns compressores não mostram o knee em dB, ele podem ter apenas uma chave que mude de soft para hard, mas o efeito é o mesmo.


Hard-knee Compression

4.5knee

Soft-knee Compression

Attack & Release – Esses dois parâmetros são controles baseados em tempo,e afetam o quão rapidamente a compressão acontece em qualquer áudio que passe o threshold. Por exemplo, um ataque com uma configuração de 0, significa que a compressão inicia imediatamente para qualquer áudio que cruze o threshold. Como eu mencionei antes, já que os transientes são a primeira parte de qualquer sinal de áudio, isso significa que são eles que serão primariamente afetados com essa compressão. Digamos que você aumenta o ataque para 30ms, você terá uma janela de tempo de 30ms quando o áudio passa o threshold sem que a compressão ocorra. Você está deixando os transientes passarem ilesos, e está comprimindo o áudio apenas após o pico inicial do transiente.

É por isso que eu mencionei acima que existem duas formas de alcançar o mesmo aumento de volume em um sinal. Você pode usar um ataque curto e comprimir o transiente, permitindo que você aumente o sinal inteiro depois.Ou você pode deixar o transiente ficar igual com um ataque mais longe e usar o compressor para aumentar o sinal após o transiente.Ambas as formas vão permitir que você eleve o nível do sinal, mas os dois métodos podem soar um pouco diferente, então é interessante você experimentar as duas formas até aprender as diferenças.

O Release controla a velocidade que o compressor para de funcionar quando o sinal cai abaixo do nível de threshold. Com um decay e ataque curtos, seu compressor estará trabalhando na maior parte com o transiente do sinal, enquanto um release maior significa que mais do sinal após o transiente será afetado pela compressão. Boa parte da característica de uma compressão vem de como você configura o parâmetro release. Com um relase relativamente curto, a compressão pode ser mais e mais transparente. Com um release longo, é possível fazer com que o sinal sendo comprimido seja impelido e ‘exploda’ junta com a música. Porém configurando-o para um valor muito alto pode bagunçar as coisas, ou pior, negar completamente os efeitos do compressor em primeiro lugar. Reciprocamentem configurar um ataque e release muito rápidos pode frequentemente levar a distorção, já que o compressor não tem tempo de agir em um transiente específico e começa mais ou menos a seguir a própria forma de onda. Após o threshold, o release é provavelmente o controle mais importante num compressor por essas razões. Em geral, é bom perceber que o release afeta a personalidade da compressão.

Gain – Determina o volume do sinal após a compressão. Se você usou um ataque curto e comprimiu os transientes, você pode usar o gain para elevar o nível de todo o sinal de áudio. Alguns compressores, como o do Live, tem um controle automático de ganho (algumas vezes chamado de Makeup) ele aumenta o nível da saída na mesma proporção que você está comprimindo. Por exemplo, se o compressor está deixando o sinal 3dB mais baixo, o Makeup gain irá automaticamente aumentar o ganho do sinal em 3dB para compensar.

Como você vê, existe muita interação entre os controles do compressor, e todos dependem inteiramente do sinal que está alimentando o compressor. É por essa razão que eu creio que não existem presets para compressores. Se o seu compressor tempresets, use-os apenas como um ponto de partida, você realmente precisa ajustar os controler para que o compressor atue da maneira esperada!

Ok, vamos botar a mão na massa com alguns exemplos práticos. Acho que a melhor forma de aprender a usar um compressor é usando um loop de bateria acústica. Normalmente baterias acústicas tem transientes bem óbvios, e tem ataques e decays bem claros.Eu fiz um loop no Live usando os samples de bateria acústica que vieram com o programa. Nada demais, apenas algo que fiz rapidamente para propósitos de demonstração:

RawDrums.wav

Eu recomento fortemente que você baixe esse arquivo de áudio e siga o tutorial em seu DAW preferido conforme trabalhamos nos exemplos. É melhor ouvir exatamente como cada controle afeta o som, e não somente os exemplos finais que eu coloquei. E você pode também aumentar o volume da sua monitoração, já que a maioria dos arquivos de áudio está em -6dBFS.

Em seguida eu vou adicionar um plugin Compressor, configurá-lo para um ratio de 4:1, com ganho Makeup desligado. Um das coisas que eu aprendi logo no começo do meu aprendizado de compressão, foi configurar o controle de Attack control para seu valor mais alto, e o Release para o seu valor mais baixo inicialmente. Dessa forma estamos garantindo que todos os nossos transientes estão passando, e o compressor está trabalhando em cada pico de nosso áudio, e não ainda na fase de Release quando a próxima batida da bateria aparece. A seguir, vamos ajustar o threshold para determinar quanto do sinal de áudio nós vamos comprimir. No Live vocẽ pode ver a bolinha amarela no gráfico do plugin que representa nosso sinal de áudio real entrando no compressor. Eu vou baixar o threshold até que o sinal esteja 3-4dB abaixo do threshold, com uma configuração do Threshold de -16dB.

Nesse ponto você pode ver que o medidor de GR (Gain Reduction)  a direita do gráfico não está mostrando nenhum sinal, e você realmente não pode ouvir nenhuma diferença no áudio. Com nossas configurações de Attack e Release no nível que estão, a dado o nível da entrada do sinal que estou usando, o compressor não está realmente trabalhando, ainda que o nível de threshold tenha sido diminuído. O que vamos fazer a seguir é lentamente dinimuir o parâmetro Attack, observando o medidor GR para ver quando nós realmente afetamos o áudio abaixo do threshold que eu configurei antes. Acho que vou parar por volta de 1.06ms, mais que isso e eu realmente não estou trabalhando muito com o compressor, e menos que isso e eu posso ouvir ele começar a afetar um pouco os ataques dos meus bumbos e caixas.

Agora vamos ajustar o parâmetro Release. Antes de avançarmos, destive o compressor por um instante e ouça o áudio sem processamento de novo. Ligue e desligue o compressor algumas vezes para comparar o áudio antes e depois. Com o Release configurado para o seu mínimo atual, o som da bateria fica um pouco ‘cortado’, e não parece que eles somem muito suavemente. O reverb da caixa é um bom lugar para ouvir isso, caso você esteja tendo problemas para localizar.

FastRelease.wav

Enquanto você está com o comrpessor desligado, observe o nível de pico do loop sem processamente na sua trilha de áudio. Deve estar por volta de -6dB. Conforme você mexe com as configurações do compressor, tenha certeza que você ajustou o fader da sua trilha de áudio para compensar quaisquer mudanças que você tenha feito. Tente manter o pico da trilha no medidor por volta de -6dB de forma que você compare as coisas de uma forma mais ou menos justa. Não é uma forma totalmente acurada de medir a sonoridade, mas serve para o propósito do nosso tutorial. O parâmetro Gain de um plugin Utility do Live pode também ser usado, ajuste o knob de ganho até que você veja -6dB no medidor da trilha de áudio com o compresso ligado. Eu gosto de atribuir um único botão do controlador ou comando de teclado para ligar e desligar os plugins Utility e Compressor, dessa forma é muito fácil comparar o som do áudio comprimido com o original usando apenas um botão, sempre no mesmo volume.

Ok, vamos voltar para a configuração do Release. Aumente o Release até cerca de 90ms,e então ligue e desligue o compressor. Você pode ouvir como o decay do reveb na caixa e nos hihats estão mais proeminentes agora? Não estou dizendo que 90ms sejam o valor ‘certo’ aqui, mas o que acontece se você aumente o Release ainda mais? Com uma configuração de 500ms, nossos loop soa plano e chato, perdemos todo o ‘oomph’ e energia na bateria. Sim, nós podemos realmente aumentar o nível de saída da bateria para soar bem mais alto, mas perdemos todo o impacto como resultado. O que está realmente acontecendo é que o compressor ainda está baixando o nível da batida anterior quando a próxima surge, basicamente não levando em conta nosso controle de Attack  e apenas comprimindo todo o sinal de áudio. Perdemos o impacto dos transientes, e o sentimento de cada som individual. O que restou foi um som chato e entediante, ainda que tenha sido comprimido. Esse é o erro mais comum dos iniciantes, comprimir demais e perder a energia.

Que tal uma configuração de menos de 90ms para o Release agora? Perdemos a habilidade de ouvir além do ataque da caixa, mas o loop fica mais reforçado e podemos aumentar o nível de saída um pouco mais. Pessoalmente, eu ficaria com uma configuração de cerca de 30ms, e então eu poderia aumentar o fader do canal em3dB para ter minha bateria de volta ao nível de  -6dB. Aqui está a configuração final para o loop de bateria

:

Se você comparar o loop sem processamento com o novo arquivo de áudio comprimido, você pode ver claramente como a bateria ficou com mais punch. Ambas tem o mesmo nível de sinal, mas a versão comprimida soa muito mais pesada.

RawDrums.wav

CompDrums.wav

Não é e nem deveria ser uma grande diferença. Nós adicionamos alguma substância as coisas, sem perder o punch ou nossos transientes iniciais, e não deixamos tudo ficar achatado demais. Sinta-se livre para alterar as diferentes configurações que nós falamos até agora, elas realmente integarem umas com as outras. Só através do experimento que  você vai entender de que formas elas interagem. Tente usar o parâmetro Knee também, e ouça como isso afeta o som da bateria sem mudar o nível geral de saída pós-compressão.

Vamos tentar outro exemplo com uma linha de baixo que foi tocada com uma porção de discrepância de volume, e vamos usar a compressão para nivelar as coisas. Novamente, eu peguei uma linha de baixo qualquer para esse exemplo, nada de especial:

RawBass.wav

O pico desse arquivo de áudio também está por volta de -6dB, então, certifique-se  de compensar quaisquer mudança de volume que a compressão esteja adicionando ao comparar a versão comprimida com a versão sem efeitos. Novamente, adicione um compressor, configure o ratio para 4:1, o ataque para full, e o release para o seu mínimo. Baixe threshold até que tenhamos cerca de 5-6dB do sinal acime do ponto de threshol, nesse caso, -20dB.

No arquivo não comprimido, você pode ouvir como o puxada inicial na corda do baixo parece estar completamente ausente nas notas em volume mais baixo? Tente baixar o Attack do compressor para o seu valor mais baixo. Embora nós tenhamos obtido de volta o som das cordas nas notas mais baixas, você também pode ouvir a distorção que eu falei antes, já que o release está bastante curto também. (é fácil ouvir se você certificou-se que o volume do sinal pós compressão está em -6dB.)

DistBass.wav

Vamos aumentar o release para cerca de 100ms agora, que não somente remove a distorção mas também nos permite aumentar o volume geral do baixo comprimido em 10dB sem afetar nosso nível de pico!

Compare os dois arquivos, nivelados em volume, de novo:

RawBass.wav

CompBass.wav

Admito que é um exemplo extremo, mas mostra como você pode não somente corrigir alguns erros de execução com a compressão mas também quanto peso você pode adicionar a um arquivo de áudio. Novamente, isso é provavelmente mais compressão do que eu uso na realidade, mas fiz as coisas de uma forma didática e fácil de ouvir.

E sobre a limitação, que eu mencionei antes? Basicamente, um limiter é nada mais que com compressor com um ratio infinito. Que é um jeito complicado de dizer que nenhum sinal irá sair acima do nível de Threshol. Tipicamente, limiters tem um ataque muito rápido também, já que você irá limitar principalmente os transientes do sinal de áudio, e você quer que o limiter opere assim que o sinal alcançar o nível de threshold. Algums limiters de masterização tem um release automático, que verifica o audio e muda o relase dinâmicamente baseado no nível de sinall. Iso torna a limitação uma forma muito transparente de compressão, apesar que você só pode usá-la de forma realista para diminuir a faixa dinâmica em cerca de 3 a dB no máximot. E também só funciona em materias com transientes curtos e claros. Mais que isso é o limiter começa a degradar o som, e provavelmente seria melhor você usar um compressor onde você tem mais controle da forma que ele reage ao áudio. Para pequenas quantidades de redução dinâmica, porém, a limitação pode ser o método mais transparente. Aqui está uma comparação do loop sem processamento que usamos antes, junto com uma versão comprimida e uma versão limitada. Eu usei o novo Limiter do Live 8 para esse exemplo, o plugin Utility após é apenas para termos o sinal de volta a -6dB para comparação audível.

RawDrums.wav

CompDrums.wav

LimitedDrums.wav

Existe mais uma técnica sobre controle de dinâmica que eu gostaria de mencionar, a Compressão Paralela. Algumas vezes chamada de “New York Drum Trick” (truque de bateria de New York), esse é um grande método de ter a faca e o queijo na mão quando o assunto é compressão. A premissa básica é que você misture um pouco da versão comprimida de um sinal de áudio com um versão completamente não comprimida dele. Dessa forma você não afeta os transientes, e o sinal comprimido adiciona o peso que você normalmente procura ao usar a compressão. Mais frequentemente usada em baterias ou partes de percussão, essa técnica é também usada na masterização para ajudar a aumentar o nível da música sem perder demasiadamente a vida dela. Nesse exemplo, eu vou usar uma combinação de baixo e bateria que eu criei para esse exemplo.

A idéia básica é passar todo os seus sons de bateria (ou o que quer que você deseja aplicar essa técnica) para um compressor, e então configurar o compressor de forma que o áudio fique altamente comprimido. Eu quero dizer, realmente esmagar o som, usar um nível de  threshold mais baixo que o normal, configurar o compressor para detectar níveis RMS e não Picos se houver essa opção, e usar um ratio mais alto também. Aqui está a configuração que eu usei nesse exemplo:

Então você mistura essa versão comprimida com a versão sem compressão da bateria. Você precisa usar apenas um pouco da versão comprimida, não precisa ser um mix igual entre os dois, fica demais. Normalmente, cerca de 20 a 30% do sinal comprimido é suficiente. Aqui estão os exemplos mostrando a versão limpa do baixo e bateria que eu usei, e a versão com Compressão Paralela:

ParallelDry.wav

ParallelComp.wav

Você pode ouvir como os transientes ainda estão lá, mas existe também um aumento de volume (mas não no nível de pico) e peso na parte grave do áudio. É um grande truque, mas como tudo em relação a compressão, é fácil de abusar, então use com moderação. Se você é um usuário do Ableton Live, eu criei um Audio Rack para esse exemplo, que você pode baixar aqui:

ParallelCompression.adg

Você ainda precisa ajusar os níveis de Threshold, Attack e tempo de Release do compressor para encaixar nas necessidades de sua música. Eu acho melhor fazer isso ouvindo apenas o canal comprimido, então eu incluí um controle para ligar e desligar o canal sem compressão enquanto você faz isso. O primeito knob controla a mixagem do sinal comprimido com o sinal sem compressão. Totalmente a direita e você ouve apenas o sinal sem compressão, movendo o knob você adiciona mais do sinal comprimido. Esse rack é certamente mais aplicável a sons de bateria do que ao mix em geral, mas tente rodálo em uma trilha inteira também, apenas para sentir o que pode ser possível com mais ajustes do compressor.

Como eu mencionei antes nesse guia, isso é somente uma breve introdução a compressão, junto com alguns exemplos práticos para iniciar. Existem muitas formas de usar uma ferramenta tão versátil como um compressor, que tomaria literalmente um livro para tentar cobrir todos os diferentes usos (e eu me sinto como se já tivesse escrito um!). E eu gostaria de ressaltar que os exemplos que eu usei não devem sob nenhuma hipótese ter tomados como a forma ‘correta’ de se usar compressão. Como tudo relacionado a produção musical, tudo depende de seus próprios alvos e de como você usa as ferramentas a sua disposição. A melhor forma de aprender a lidar com compressão é usar alguns arquivos de áudio limpos, exercitar todos os controles e entender que as configurações que você usa sempre vão mudar dependendo inteiramente do áudio que você está tratando. Mesmo assim, duas pessoas irão provavelmente usar a compressão de duas formas diferentes no mesmo arquivo de áudio, porque ela pode ser usada para muitos propósitos diferentes.

E antes de você começar a usar compressão em tudo, pare por um segundo e pense em qual é o seu propósito antes de iniciar. Usar a compressão demais numa mixagem, mesmo que corretamente, pode ser a forma mais rápida de ter um som achatado e sem vida. A música PRECISA de dinâmica, é o que dá a ela energia, poder, e um senso de espaço e profundidade. Eu mencionei antes que eu uso talvez apenas 1 ou 2 compressores em uma música inteira, e somente se eu não consigo resolver de outra maneira. Então, antes de ficar surtado e sair aplicando o que aprendeu aqui, reconheça que compressão nem sempre é a resposta, e algumas vezes a melhor compressão é nenhuma. Aprenda a reconhecer quando o seu arquivo de áudio já está comprimido. Se você sampleia de vinis, ou usa vários loops preparados, provavelmente esses já estão comprimidos, e mais compressão raramente irá deixá-los melhor. É uma ferramenta incrivelmente poderosa, mas a parte mais difícil é saber quando usá-la e quando deixa-lá pra lá.

Em uma nota mais pessoal, se esse guia (ou qualquer outro dos guias) ajudou você na sua produção musical, por favor considere uma pequena doação del $1 via paypal para o endereço de e-mail abaixo. Mesmo um dólar aqui e ali realmente ajuda a mim e a minha família mais do que você pensa. Obrigado, e espero que tenha achado esse guia útil

Paz e batidas,

Tarekith

[email protected]

Tarekith.com

Tradução de: http://tarekith.com/assets/dynamics.html

2 comentários

  1. Simplesmente o que eu estava procurando para entender certinho o que os parâmetros de um compressor realmente fazem. Assim que eu chegar em casa vou iniciar a parte dos exemplos pois onde estou não possuo ferramentas para isso.

    Esta tudo extremamente bem explicado!

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